quarta-feira, 3 de junho de 2009

O Santo Condestável, o Governo e a Igreja

O herói nacional, Condestável D. Nuno Alves Pereira, foi considerado Santo.
Os portugueses sabem que lhe devem a independência nacional conquistada na batalha de Aljubarrota.
Sem ele seriamos hoje provavelmente uma região de Espanha. É sem duvida uma das figuras maiores da nossa história.
A Igreja, avaliando as suas qualidades humanas atribui-lhe o titulo de Santo.
Para os historiadores foi um exemplo de humanismo ao reconhecer aos vencidos o estatuto de pessoas dignas de respeito.
Em vez de os massacrar ou tratar de forma indigna, como acontecia na época, o Condestável criou condições para os castelhanos feridos na batalha terem cuidados de saúde e apoio na alimentação. Foi talvez um dos primeiros momentos na história da humanidade onde os vencedores trataram os vencidos de forma digna, como prisioneiros de guerra, com direitos reconhecidos.
Sendo uma das pessoas mais ricas do reino veio a abdicar de toda a sua fortuna para entrar num convento como frade Carmelita, em 1423, e dedicou a sua vida à causa da defesas dos mais pobres.
O Papa considerou São Nuno um exemplo para a sociedade actual tendo salientado o seu despojamento. A Santa Sé apresentou o novo Santo como um dos homens mais ricos de Portugal que por amor a Deus se fez pobre, distribuindo os seus bens pela Igreja, pelos pobres, pela família e pelos antigos companheiros de armas.
Nem sempre temos portugueses a verem os seus méritos reconhecidos internacionalmente.
É um momento de satisfação, não só para os crentes, sentir que a Igreja reconhece as qualidades deste herói nacional.
Infelizmente o Governo alheou-se do processo, parecendo ter vergonha de se associar e de se congratular com a decisão da Igreja Católica.
Este é um Governo que tem sistematicamente mostrado alguma dificuldade de convivência com a religião, particularmente com a Igreja Católica. Com frequência opta por políticas ditas fracturantes, que mais não são que afrontar a doutrina da Igreja.
Este Governo é capaz de festejar com entusiasmo qualquer pequena vitória desportiva mas mostrou uma enorme incapacidade de reconhecer com a dignidade merecida a decisão de canonizar Frei Nuno de Santa Maria.
D. José Policarpo afirmou que Frei Nuno de Santa Maria é inconciliável com a mediocridade e que o Governo convive mal com a Igreja
Para agradar aos radicais o Governo incentiva o aborto, isentando as mulheres de pagar taxas moderadoras, mas se uma mulher quiser engravidar e precisar de apoio para ultrapassar a sua esterilidade o Governo já não a apoia com a mesma celeridade e gratuitidade.
O PS quer incentivar o casamento dos homossexuais mas não cria políticas que incentivem as famílias a poder ter mais filhos.
Um relatório recente da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) demonstra que os apoios concedidos às famílias portuguesas, para apoio à natalidade, continuam muito abaixo da média internacional.
O Governo facilita o divórcio mas recusa criar uma fiscalidade que apoie as famílias a enfrentarem tantas dificuldades.
Vem agora o PS querer distribuir preservativos nas escolas criando nas crianças a ideia que fazer sexo é tão fácil e natural como beber um copo de água.
Sexo seguro não é incentivar a promiscuidade nem banalizar o sexo. Combater a SIDA e as gravidezes de mães menores passa por dignificar a família, ensinar os jovens que devem controlar os seus instintos e valorizar o amor.
É um Governo que se comporta com a Igreja como aqueles miúdos que batem e fogem. Pela frente simpatia mas sempre que pode vai dando umas caneladas.
(Publicado no Diário de Coimbra em 02.06.2009)

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