terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Desigualdades Sociais

Portugal é o país da União Europeia com maior desigualdade na distribuição de rendimentos.
O relatório sobre a situação social na União Europeia, aponta para uma distribuição dos rendimentos mais uniforme nos estados-membros da UE do que nos EUA, com a excepção de Portugal.
Até países do recente alargamento, como a Polónia, a Letónia e a Lituânia estão ao nível dos EUA.
O nosso país é aquele em que o fosso entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres é mais largo. O mesmo acontece se compararmos os 10% mais ricos com os 10% mais pobres.
Em Portugal quase um milhão de pessoas vive com menos de dez euros por dia. Estamos a falar de 9% da população nacional quando nos restantes países da União a média é de apenas 5%.
O relatório denuncia ainda que as desigualdades têm vindo a aumentar em Portugal, mostrando uma realidade social fortemente desigual. Só em Itália e na Polónia o aumento foi maior.
Contas feitas, verificamos que Portugal é um dos países mais desiguais da UE.
O desemprego é apontado como uma das causas do problema, sendo Portugal um dos cinco países em que o risco do desemprego conduzir a uma situação de pobreza, é superior a 50%.
Os baixos salários são outra das causas da pobreza no nosso país não esquecendo as reformas mínimas.
A União Europeia mostra ainda Portugal como um país de poucas oportunidades, revelando fraca mobilidade social. Os ricos são muito ricos e os pobres muito pobres, sendo difícil trocar de posição.
Em Portugal os filhos das famílias desfavorecidas têm reduzidas oportunidades de ascender socialmente.
Os que nascem pobres têm mais dificuldades em deixar de ser pobres mesmo que sejam trabalhadores, inteligentes e capazes de iniciativa.
Os que têm a sorte de nascer ricos terão mais hipóteses de assim continuar mesmo que tenham poucas qualidade humanas.
A baixa formação profissional é um dos factores que mais influencia esta realidade.
O sistema de ensino está formatado para manter esta rigidez social, dificultando que um aluno inteligente possa, sem apoio da família e sem recurso a “explicações” ou a ensino privado, atingir níveis de sucesso competitivo.
Uma criança, filha de um casal com empregos pouco qualificados, que na média dos países do espaço europeu, já tem apenas 50% de probabilidade de aceder a uma categoria de emprego mais qualificado, em Portugal tem apenas um terço de probabilidades.
Os países mais igualitários na distribuição dos rendimentos são os nórdicos, como a Suécia e Dinamarca.
Curiosamente são estes países “social-democratas” que mantêm melhores índices de qualidade de vida e que continuam mais prósperos e com uma economia competitiva.
São também países com economia menos liberal, onde as pessoas pagam mais impostos.
É no norte da Europa, nestes países de dimensão populacional inferior à nossa, que o Estado é mais forte e assegura excelentes níveis de saúde e educação através de sistemas públicos.
Portugal, de acordo com os dados da OCDE, é também um dos países onde mais se alargou o fosso entre ricos e pobres.
As desigualdades em Portugal estão a acentuar-se. Este facto significa que a nossa sociedade está a ficar mais injusta e mais estratificada.
Mas o acentuar do fosso entre ricos e pobres é ainda mais grave porque revela que a actual classe média tem mais hipóteses de empobrecer do que de enriquecer.
Em Portugal a pobreza e a desigualdade afectam crianças, idosos, mulheres e jovens que procuram o primeiro emprego.
Portugal necessita de um novo modelo de desenvolvimento social e de coesão, baseado na sustentabilidade inter-geracional e no mérito.
Um modelo para a eliminação da pobreza, que inclua novas abordagens assentes na promoção do acesso a oportunidades de emprego e na qualificação da educação, com vista à construção de uma sociedade mais justa e com sustentabilidade económica.
Todos temos que nos empenhar na construção dum pais mais justo e mais solidário.
(Publicado no Diário de Coimbra em 15.12.2009)

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Please Save The World



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O Perigo da História Única


Magnífica palestra da escritora Chimamanda Ngozi Adichie sobre o "Perigo da História Única" que pode ver AQUI