quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A Democracia e os Direitos Humanos

A Nobel da paz, Aung Suu Kyi foi condenada a mais dezoito meses de prisão domiciliária pelos tiranos de Myanmar. Esta condenação impede esta política de disputar as eleições em 2010.
A Nobel venceu as eleições e foi destituída pela junta militar.
Perante a indignação internacional, contra os militares que usurparam o poder, a China veio apoiar os ditadores.
Não são só os negócios entre os dois países que justificam este apoio da autocracia chinesa à ditadura de Myanmar.
Os líderes chineses não querem estar sozinhos no esmagar dos opositores.
Na Venezuela Chavez fecha televisões e jornais e promove um poder pessoal que esmaga quem se opõe.
Fá-lo com o apoio dos vizinhos Cubanos e de alguns presidentes sul-americanos interessados, também eles, em suspender a democracia e a liberdade de expressão.
Na Rússia o “czar” actual continua a muscular o regime e a congelar a democracia. Na República da Inguchétia cresce o numero de mortos, sequestrados e desaparecidos, como antes aconteceu na Tchetchénia.
Na década de noventa, após a queda do Muro de Berlim, parecia que todo o mundo iria caminhar no sentido dos regimes democráticos se tornarem inevitáveis.
Escrevia-se sobre o fim da história. Pensava-se que todo o mundo seria democrata e assente no mercado capitalista.
Uma observação atenta mostra que há uma alteração do rumo.
Os líderes autocráticos dos países mais poderosos não querem evoluir para regimes democráticos e vão criando alianças internacionais que apoiam as ditaduras.
Os militares de Myanmar, os autocratas chineses, os tiranos sul-americanos, os “czares” russos, os donos do petróleo em Luanda e os lideres das ditaduras muçulmanas, estão aliados no combate à democracia e na violação dos direitos humanos.
Não há uma ideologia que os una. Entre o estertor do comunismo de Cuba e da Coreia do Norte, a corrupção em Angola, o capitalismo selvagem da China e da Rússia, o folclore Venezuelano e o fundamentalismo muçulmano não há semelhanças ideológicas no que respeita à sociedade.
Une-os o oportunismo, a falta de escrúpulos, o sentirem o direito a ser poderosos, com acesso a privilégios e a viver nos palácios.
Em Portugal, agora que enfrentamos duas campanhas eleitorais, até parece que sempre vivemos em democracia. Muitos de nós, os mais novos, nunca conheceram a ditadura.
Está na altura de não esquecer que a democracia é uma conquista de todos, que todos devemos defender. Participar na vida pública é uma obrigação. Votar em liberdade é um direito e um dever.
Um olhar simples para o Mundo mostra-nos que já não há o Muro de Berlim, a separar liberdade e democracia, nem guerra entre comunistas e capitalistas. Mas continua a haver um confronto, entre aqueles que defendem a democracia, a tolerância, o direito dos adversários e aqueles que se julgam detentores do poder por uma qualquer predestinação.
Os partidos e os políticos têm defeitos. As democracias não são perfeitas. Mas Deus no livre de ditaduras e poderes autocráticos.
Portugal, num mundo globalizado, tem de lidar com todo o tipo de países e regimes.
No confronto entre ditaduras e democracias, nós, os portugueses, temos de estar na barricada da liberdade, na defesa dos direitos do homem.
(Publicado no Diário de Coimbra em 10.09.2009)

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