quarta-feira, 15 de julho de 2009

“Roubalheira” na Banca

Na campanha eleitoral para o parlamento europeu Vital Moreira denunciou aquilo que classificou de “roubalheira” no banco BPN.
Fê-lo tentando prejudicar o PSD, uma vez que alguns dos protagonistas foram políticos ligados a governos de Cavaco Silva.
Não explicou a razão porque o governo socialista tem sido aparentemente tão diligente em abafar esta “roubalheira”.
O BPN foi vítima de uma gigantesca burla, sugestiva de actividades criminosas, que o levou a uma situação de falência eminente.
O Governo, através da Caixa Geral de Depósitos, nacionalizou o BPN. Já lá Injectou 2,5 mil milhões de euros.
Neste “negócio” admite-se que o Estado venha a recuperar algum do dinheiro investido mas especialistas consideram que nunca perderá menos de mil milhões de euros.
Não nos surpreende que gente pouco séria tenha caído na tentação de enriquecer por métodos ilícitos.
Indigna-nos que o governo apareça no processo a branquear a situação, cobrindo, com o nosso dinheiro, as contas que os criminosos colocaram a descoberto.
Enquanto isso alguns habilidosos “abotoaram-se” com o dinheiro.
Concordamos com Vital Moreira ao classificar a situação de “roubalheira”. Não percebemos porque defende um governo que protege os criminosos e paga a despesa dos seus actos.
No caso do BPP os depositantes têm afirmado que terão sido enganados. Afirmam ter feito depósitos, convencidos que tinham o capital garantido, desconhecendo que as suas aplicações eram feitas em produtos de risco. Exigem por essa razão que o Governo lhes garanta os depósitos.
O Governo já veio garantir que cobrirá todas as contas mesmo as que excedem os 100 mil euros garantidos pelo fundo de garantia.
É evidente que há culpados nesta “roubalheira”. Há até um arguido preso.
Mas a opinião generalizada dos portugueses é que mais ninguém será preso, Oliveira e Costa será rapidamente libertado e os processos arrastar-se-ão durante anos, sem consequências, até serem arquivados por descrédito ou acabarem por prescrever.
O Partido Socialista na Assembleia da República apressou-se a desresponsabilizar o governador do Banco de Portugal, entidade a quem competia a supervisão do sistema bancário.
Vítor Constâncio, em vez de ter apresentado de imediato a sua demissão, como lhe competia, protegido pelo Governo optou por tratar os deputados com uma arrogância completamente desadequada, como se estivesse acima de todos os poderes.
A mega fraude de Bernard Madoff foi descoberta nos Estados Unidos em Dezembro de 2008.
Madoff foi preso, os seus bens confiscados, bem como os de alguns colaboradores, e a sentença judicial foi conhecida em Junho de 2009.
Qualquer semelhança entre a eficiência do sistema de justiça nos Estados Unidos e em Portugal é pura coincidência.
Por cá temos um banqueiro preso preventivamente, alguns arguidos em liberdade e muitos milhões apropriados por ambiciosos, respeitáveis, sem escrúpulos.
Os casos que envolvem o BCP, BPP e BPN mostram que somos um país dominado por um sistema judicial inoperante.
Somos um país de tipos “porreiros”, que admiram e premeiam os chico espertos.
(Publicado no Diário de Coimbra em 14.07.2009)

Sem comentários: