quarta-feira, 20 de maio de 2009

A Fuga dos Lucros para o Estrangeiro

Já aqui recordei que um dos principais problemas do País reside no facto de uma parte significativa dos lucros das empresas multinacionais sair de Portugal, beneficiando outras economias.
Portugal, que já tem uma balança externa deficitária, importando mais do que exporta, enfrenta também este problema da emigração dos lucros.
Repare-se que só a espanhola Iberdrola, que detém unicamente 9,5% da portuguesa EDP, recebeu 43,2 milhões de euros de dividendos em 2007.
Em Portugal a EDP vende a energia a um valor superior às suas congéneres europeias, fabricando artificialmente lucros, que não só não ficam em Portugal como vão contribuir para o enriquecimento de economias concorrentes com a nossa.
Idêntica situação se verifica na “portuguesa” GALP.
Em resultado dos impostos aplicados pelo Governo nos produtos petrolíferos e de margens de comercialização excessiva, os portugueses, tal como acontece com a electricidade, pagam a gasolina e o gasóleo acima dos valores praticados em muitos outros países onde os salários e o nível de vida são superiores aos nossos.
Esta “exploração” dos portugueses ainda seria de tolerar se os lucros ficassem em Portugal e contribuíssem para dinamizar a nossa economia.
Infelizmente uma percentagem elevada pertence a accionistas estrangeiros que se limitam a vir aqui buscar lucros elevados, claramente especulativos, perante o silêncio do Governo.
Em 2008 mais de 3% do nosso Produto Interno Bruto (PIB) foi parar à mão de estrangeiros. O ano passado, mais de 6,58 mil milhões de euros da riqueza gerada em Portugal saiu do país.
Curiosamente em 2003 este valor foi só de 1,85 mil milhões, menos de um terço.
De 2003 a 2008 a riqueza transferida para o estrangeiro cresceu 355,6% (mais de trezentos e cinquenta e cinco por cento) o que não permite qualquer comparação com o aumento dos salários no mesmo período.
São números que constituem um verdadeiro escândalo e que só são possíveis por uma demissão clara dos nossos governantes, aparentemente mais interessados em promover interesses privados, com capitais estrangeiros, do que em defender o interesse público nacional.
Recentemente o Presidente da República veio alertar para este facto de os portugueses serem cada vez menos os donos da riqueza produzida no País.
Estes valores evidenciam-se no crescimento do PIB de 1,8% em 2008 versus o crescimento do rendimento nacional bruto que só aumentou 1,6%.
Como salientou Cavaco Silva “mais importante do que olhar para o PIB, seria olhar para o rendimento nacional bruto. Uma coisa é o rendimento gerado pelo país e outra é o que fica no país”.
Ou seja cada vez é maior a diferença entre o que se produz em Portugal e aquilo que fica no país para ser distribuído pelos portugueses, mesmo esquecendo que a nossa economia está cada vez mais injusta e desequilibrada, com maiores injustiças sociais.
Cavaco Silva afirmou esperar que, "tal como acontece na Irlanda e noutros países, que comece a salientar-se mais o rendimento nacional bruto do que o produto nacional bruto, porque tem mais significado".
Importa que o Governo dê ouvidos ao Presidente da República e coloque este assunto como uma das prioridades da sua politica económica.
(Publicado no Diário de Coimbra em 19.05.2009)

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Portugal's Economy - Socratic Dialogue


Uma sondagem do jornal inglês The Economist aponta os portugueses como o povo mais tristes e desmotivados da Europa, só acompanhados pelos povos do leste da Hungria e Bulgária.
Segundo os dados da sondagem 92% dos portugueses vêm a situação económica como má, 95% estão deprimidos e mais de 50% estão descontentes com as suas condições de vida.
São apontado como pontos fortes portugueses o facto de os nossos bancos terem evitado activos tóxicos, o bom desempenho que temos mostrado na produção de energias renováveis e o crescimento das exportações para Angola. Estes não são no entanto suficientes para contrabalançar o mau desempenho da economia portuguesa.
Portugal não só não sentiu um “boom” económico, como a Irlanda ou a Espanha, como, nos últimos anos tem crescido abaixo da média europeia, incapaz de implementar uma estratégia de convergência.
Portugal já se deixou ultrapassar por todos os países da Europa.
Há dois dias a União Europeia actualizou as previsões do desempenho da nossa economia para este ano apontando para um défice orçamental de 6,5% e uma taxa de desemprego superior a 9%, valores que sobem para 6,7% e 9,8% respectivamente em 2010.
Segundo estudos recentes Portugal é também o país da União Europeia com maior desigualdade na distribuição de rendimentos.
O nosso País é aquele em que o fosso entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres é mais largo. O mesmo acontece entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres.
(Ver artigo na The Economist)

terça-feira, 5 de maio de 2009

A Política Agrícola e a Economia Nacional

Um dos principais problemas do País reside no facto de uma parte significativa dos lucros das empresas multinacionais sair de Portugal, beneficiando outras economias.
Portugal que já tem uma balança externa deficitária, importando mais do que exporta, enfrenta também este problema da emigração dos lucros.
A falência da política económica “promovida” pelo Governo ainda se torna mais evidente quando se compara com o que acontece em sectores assentes na riqueza endógena como é o caso da agricultura.
A riqueza gerada pela agricultura caiu 23% desde 1992.
Curiosamente os apoios concedidos aos agricultores caíram 42,5 % no mesmo período.
Segundo dados recentes e tendo em conta as verbas referentes ao Regime de Pagamento Único, ao PRODER e aos programas que o antecederam o Governo desperdiçou mais de mil milhões de euros disponibilizados por Bruxelas entre os anos de 2005 e 2008, por incapacidade de agilizar os mecanismos que poderiam permitir a sua utilização.
Não espanta que com esta descida dos apoios e dos rendimentos tenhamos cada vez menos agricultores e mais campos abandonados.
Um estudo recente aponta que nos próximos anos só 30% dos agricultores possam sobreviver no mercado.
Esta política de desprezo pela agricultura é completamente irracional. Não podemos continuar a abandonar as terras e a apostar numa economia de crescente importação de bens essenciais.
Recentemente até o insuspeito Presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), João Salgueiro, afirmou que a agricultura tem maior potencial para criar empregos que o sector das obras públicas.
Para este economista os planos actuais contra a crise assentam numa política de betão, o que não resolve os dois grandes problemas nacionais: o desemprego e o desequilíbrio da balança comercial.
Segundo o Presidente da APB deveria haver uma campanha nacional para explicar o valor da agricultura.
João Salgueiro lamentou que o sector continue tão desprezado, ao contrário de outros países mediterrâneos que têm apostado no aumento das exportações para o resto da Europa.
O desenvolvimento da agricultura poderia também contribuir para atenuar o desequilíbrio crescente entre o litoral e o interior cada vez mais envelhecido e desertificado.
Falar da agricultura obriga a pensar na floresta.
As pessoas ligadas ao sector sabem que a floresta tem sido igualmente abandonada.
Veja-se o caso grave da doença do pinheiro e a ligeireza com que o Governo tem ”tratado” o problema, causando sérios prejuízos a toda a indústria da fileira do pinheiro: serrações, industria do mobiliário e indústria das embalagens, por exemplo.
A floresta não só é fundamental à riqueza nacional como é essencial à preservação do ambiente e ao turismo de natureza.
A floresta tem que ter políticas que apostem na sustentabilidade do negócio, na valorização da biodiversidade ambiental e na coesão social. Tem que ser rentável para atrair investidores e tem que criar empregos para a população activa que vive na proximidade da mata
Um dos aspectos essências é a valorização da produção de energia renovável pela biomassa.
Basta ver o desprezo a que o Governo tem votado o Centro da Biomassa para a Energia (CBE), sediado em Miranda do Corvo, para se ter a noção da falta de lucidez política dos responsáveis pelo sector.
(Publicado no Diário de Coimbra em 05.05.2009)

sábado, 2 de maio de 2009

Ajuste de Contas Antigas



A esquerda aproveitou o 1.º de Maio para acertar contas antigas.
A atitude dos agressores é inadmissível e intolerável mas a rápida invocação da Marinha Grande pelo Vital Moreira foi absurda.
A teoria da vitimização está-se a tornar uma obsessão para alguns socialistas.

PSD Aproxima-se do PS


Sondagem do Diário de Notícias sobre as eleições europeias mostra que o PSD pode vencer as eleições europeias.
Esta sondagem está também de acordo com a da Intercampus, para a TVI, relativamente à proximidade entre o PS e PSD.
Paulo Rangel está a realizar uma boa pré-campanha e está por isso a conquistar terreno. Com este estímulo poderá agora dar um salto em frente.
Vital Moreira tem confirmado que foi uma má escolha de Sócrates. Não é uma figura galvanizadora para os socialistas. O seu fanatismo na defesa do governo de Sócrates (não podemos esquecer que a sua mulher é Secretária de Estado) impede-o de alargar a base eleitoral, não conseguindo angariar apoio fora do eleitorado socialista. A área comunista não esqueceu a traição, como vimos ontem no Martim Moniz.
Para além da má prestação de Vital Moreira estes resultados indicam também que o descontentamento com o governo está a aumentar.
Os sinais de nervosismo da parte do Partido Socialista começam a ser evidentes.
Se isto continuar com o actual rumo ainda poderemos ter um Verão animado e quem sabe alguma surpresa lá para Outubro.